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Estamos em 438, datado pós a estadia da luz
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F'ERAOUN, ØSUIN

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Mensagem por Øsuin F'eraoun Qui Ago 11, 2016 4:22 pm

"Eis que surge um novo herói, aquele que se quer temeu enfrentar desafio de navegar pelo caminho ao qual lhe trouxe à nós. Devo então, questionar-lhe o maior mistério: quem és o ser divino frente a mim?", ouço o homem dizer.

"Maravilhoso!"

Sua animação era um tanto quanto irritante mediante ao que havia respondido. "Peço tão somente que aguarde enquanto faço as minhas anotações. Novamente...", ele veio a continuar, retornando com uma pausa enquanto parecia relembrar tudo aquilo que eu havia dito.

" Øsuin F'eraoun, nascido em trinta de Janeiro, tendo trinta e quatro anos, um filho de Plutão , especificamente, um Político, certo?", ele questionou. Havia repetido todas as informações dadas por mim. Aquilo era sério? pude tão somente assentir, remetendo aos poucos fatos que me eram importantes no passado, fatos que remetiam a minha história, a quem eu realmente era.

Mas a questão era continuar vivendo. O coração ainda batia por debaixo de uma carcaça podre.


Por john karstensen, juiz

Na noite em que fora descoberto, ninguém esperava de um estouro de fogos, desse localização exata de um corpo. Diferente ao que se esperava de uma festa onde reunia um público vasto de muitas idades, aquele corpo estava realmente vivo. A ênfase em que apresenta meu suposto espanto não é em decorrência de se tratar dos sussurros que escutei através dos becos de Drammen. O garoto mantido aquecido em uma manta porcamente sujada de sangue, não apresentava características de uma criança viva. Possuía uma pele acinzentada, dedos das mãos atrofiados e debaixo dos olhos finos e fechados, pesadas bolsas rochas sustentavam um rosto esculpido.

Exageradamente assustador ao mesmo tempo que também era incrivelmente interessante, para mim não eram outros que compartilham da mesma opinião. Quando de dentro da sala onde escutava atentamente sobre o caso, minhas mãos tremiam. Mas não por ser um caso sem vestígios lógicos que levassem ao culpado. Era pelo menino que depois de ser extraído do extenso campo de hortênsias, estava no hospital lutando por sua vida como um leão para manter o seu reinado na selva. E ele foi bravo. Quando esteve de frente para mim no julgamento também estava nas condições esperadas ; pequeno, frágil e tão desengonçado apesar de ser um recém-nascido, como um corvo. Nunca vi também, aquele lugar tão cheio e mesmo com o aglomerado ele permaneceu em silêncio durante a decisão inteira. Foi lá também quando encaminhei para a igreja mais próxima, que ele foi rebatizado com um nome. Øsuin seria apenas mais um dentro da basílica contudo, não esperávamos por muito tempo.

Por madre Myria Kirkwoood

Conosco, ele cresceu por volta de muitas conjeturas. Não eram pelas palavras e nem a descida do martelo que as coisas andaram na linha dentro da catedral. Na sua chegada quando tive de acolhê-lo em um berço improvisado, escutei as desconcordâncias do pároco o que no decorrer de seu crescimento, o abandonava como alguma pessoa desafortunada. Quando completou nove anos, exigências novas eram implantadas e ai daqueles que se opusessem. Øsuin tão novo, dedicava-se a limpeza de diversas salas, imagens, quadros e outros artefatos religiosos. Preocupações começavam a crescer, pois Pablo mesmo não tido ultrapassado os trinta anos, quis escravizar aquele garoto e tão somente eu, apenas me restava curar suas feridas pelas sombras noturnas e solitárias que se infiltravam dos vitrais. Haviam dias que contusões roxas e azuis como galáxias, enfeitavam suas maçãs do rosto porém, pouco importava ao maior. Foi nestas idas e vindas que Øsuin consumiu a ironia como anos atrás Pablo também fazia. Já quase aos dez, ela era tão comum que começava a ser interpretada como um modo de ele ser educado como se nós superioras, fossemos capazes de criar um monstro por baixo das longas mãos de Deus.

Em enterros, o menino sempre acompanhava ao nosso encalço despojando vestes escuras e hematomas evidentes perto dos olhos dado ao trabalho braçal que muitas vezes lhe eram abusivos. Ao contrário que eu pensava, ninguém reclamava ou levavam as leis. Todos eram simples marionetes do nosso controle católico e fortemente predominante naquela década de noventa. Øsuin desde a primeira visita ao cemitério no enterro de uma menina muito nova no qual servia a igreja, relatou que nunca mais deixaria o lugar. Falavam que era um lugar podre em que merecia alguém a altura, mas ele somente dizia que sentia-se em casa. Dizia também que tinha uma família sofrida. Uma mãe que era antiga dançarina de um cabaré que fora morta
com um tiro a queima roupa no século passado, um pai doente e mesmo sábio e ágil com palavras, sofria de perda de memória e uma lista infinita de irmãos. Todos mortos. Ele adotou almas agonizadas na sua árvore genealógica.

Orei muito para que sua alma encontrasse um caminho de luz e descanso para o tirar dessa engrenagem de desgraças que vinha sendo a sua vida desde que fora salvo naquele campo invernal. Mas parecia que minhas palavras jamais eram suficientes para serem ouvidas. Suas saídas tornaram-se rotineiras agora sendo um escravo aos dias e a noite, um adolescente qualquer ao pensar que estava fazendo algo normal, que todo menino quisesse fazer. Se por algum motivo, alguns dos mortos admitissem fome ou frio, o mesmo furtava o dízimo e lhes comprava o necessário. Mesmo que por uma lógica óbvia, aquele casaco não seria vestido e aquela comida nunca seria ingerida. Em meio a tantas estranhezas, eu não esperava mais nada.  Não levou muito tempo para que chegasse tarde pela abadia e dissesse que estava ouvindo vozes a zunir pelos ouvidos. Elas não lhe eram gentis. Antes pensei que ele só se comunicava via sinais ou usava de uma imaginação hiperbólica todavia, eu estava enganada. Øsuin começava a apresentar traços de perturbação.

E aquilo sim me dava medo.
Medo do garoto que acolhi.

Por Øsuin F'eraoun

No meu aniversário de quinze anos, celebrei da forma que parecia convir a quem já estava com o pé a fora da igreja sendo incriminado como um demônio. Estava chovendo e muito frio também. Me desloquei pela manhã para o cemitério na mesma rotina acompanhado de Noah atrás de mim. Ele era alguns anos mais velho que eu. Porém o que nos diferenciava, era que meu pulso palpitava e o dele não.    Noah não gostava de falar de sua origem já que até mesmo eu que de alguma forma conseguia assistir cada alma abandonar o seu túmulo, ele não o fez. Apenas apareceu. Do nada. Dizia que precisava me ajudar.

Não foi somente naquele aniversário que tive sua companhia como também, a minha atualidade. Sempre me avisou quando estava em perigo.

Até mais tarde perceber que eu era o perigo.

Nunca soube desde então quando tudo começou. As vozes, brigas irreais ou quando amanhecia na cama com alguma criança chorando e me agitando como se fosse um brinquedo. Às vezes dormia ouvindo-as  dizer sua vida antes da morte como se fossem contos.- supostamente minha vida seja um interminável drama, uma cômica partida de um adolescente que era capaz de ver coisas que não deveria. - ou eu seja mesmo dramático.

Dezessete anos. Essa idade foi sim a mais consternada. Na rua, fiquei a mercê das poucas pessoas da cidade que eram capazes de me estender a mão. John morreu vítima de derrame e foi enterrado em sua terra natal impossibilitando que visse seu espírito. Noah me convidou para que dormisse em um dos túmulos que jaziam livres do cemitério afirmando que só seria realmente ocupado por alguém, dali apenas dois anos.

Ele previa todas as mortes. Menos a minha.

Comecei a vagar pelas ruas. Era impossível achar algum emprego nas condições em que estava. Cheguei ao meu ápice ao encarnar um estereótipo da morte. Mas ali novamente estava Noah do meu lado. Ele me alimentava. Mas não era com refeições. Era com algo realmente espiritual.

Já poderia estar com dezenove na mesma rotina de sempre até ser aceito como um coveiro. As pessoas repugnavam o meu cheiro de ossos, mas os que ali descansavam abaixo da terra, diziam que era uma fragrância tão fina quanto um perfume francês. E isso me consolava de certa forma. Se não eram dos vivos o meu amor, estava começando a me apaixonar pelo outro mundo.

Por Noah

Quando Øsuin me perguntava de onde vim, uma sombra de tristeza e raiva me batia. Não gostava de falar que sou fruto do seu desejo de proteção sendo que era quase impossível nas condições que me expunha ou ficasse ao seu lado, de ser algum tipo de protetor. Sou mais que isso. Antes um irmão mais velho e hoje ele com vinte e três, vejo claramente que sou eu quem precisa de proteção. Minha áurea já está se extinguindo.

Fui fabricado e mandado de Sophrosyne. Para ser exato, vim por causa de seu pai. Ele se preocupava com ele e mais dezenas de filhos com as mesmas características das dele. Afinal eles eram diferentes  e essa mistura de juventude e poder,  é uma energia perigosa no mundo desamparada. A progenitora era uma divindade fúnebre, porém que tinha um belíssimo coração quando queria e pensando nisso, pude permanecer mais do que o tempo estipulado de sua prole e acabei me encantando com sua estranheza.

Conforme o tempo ia passando, as coisas começaram a desandar novamente com a minha presença. Øsuin ao que indicava, desde o início de sua história parecia não ter um momento duradouro de felicidade e isso me empilhava. As vozes eram continuamente mais frequentes e agora, novos fenômenos marcavam o seu corpo por volta das madrugadas. Muitos desses sussurros eram insistentes ao perturbarem ele a achar um caminho que foi designado a eu levar. Era odiável saber que tudo que contava no cemitério dizendo que poderia ser um segredo em que o outro não pudesse saber, chegava a seus ouvidos rápido e em suma maioria, da maneira errada. Idas e vindas de um barco sempre ameaçando a um naufrágio, o deram um transe melancólico que o deixava completamente absorvido em detalhes sensoriais. Uma gota que respingasse com preguiça do vidro da janela, o despertava medo, pois sabia que minutos depois escutaria uma criança chorando. Era torturador até para mim que era daquele mesmo mundo.

Øsuin com o tempo ficou louco. Mergulhou por minutos contra o lago tangido pelo breu até sentir uma mão lhe puxar. Só não se sabia de certo, se a ação era condescendente ou um impulso voluntarioso e permanente para o fim. Percebi que aquilo era um sinal para me apressar. Meu tempo estava chegando ao fim também.

Antes que partíssemos pela trilha leste de Drammen muito conhecida pela colheita, sua tremedeira havia aumentado e logo mais contusões cresciam. Mesmo que eu fosse indolor e até mesmo incapaz de segurá-lo, dei-lhe apoio para que chegássemos a ilha. Perigos também nos aguardava contudo, a prioridade é a sua chegada. Fomos por um portal púrpuro que só pude perceber que existia, ao relutar para segurar a sua mão e assim que conseguimos colocar os dois pé na entrada da nova cidade, Øsuin parecia ser uma nova pessoa. Alguém que não necessitava de ajuda já que viera uma mudança radical a sua aparência.

Já pude sentir-me desnecessário…

Por Øsuin F'eraoun

No dia em questão, não me lembro de muitas coisas. Me sentia doente, trêmulo e sem forças para ficar de pé. Noah não. Já estava elétrico e completamente anestesiado e chamava-me para caminhar. A família, parecia muda me bloqueando de sair da ala dos ossários para alcançar a saída. Recordo-me de discussões de Noah com o senhor Frid e a despedida rápida com as crianças que choravam felizes próximo de minhas pernas.

Havíamos iniciado pela tarde nublada uma longa caminhada.
Sempre fui alguém curioso então a chance de fazer questões com relação ao que fazíamos, não foi dispensado. Ele entretanto, ficava em silêncio.  Isso durou cerca de minutos depois horas por fim até escurecer. Estávamos lá nós dois, andando já um tempo pela extensa calçada de salgueiros desfolhados. Relutei em novamente puxar algum tipo de assunto e recebi como resposta além de um silêncio, uma desaproximação atordoada.

Aquilo me irou e consequentemente em resultado do meu humor da última semana que vim passando, abri espaço ao lado dele o empurrando para correr e decidir por mim mesmo para qual lado ir numa tentativa de descobrir o que estaria fazendo ali. Consegui me manter convicto a frente convencido que venceria e conseguiria o que quisesse, mas um estalido dos galhos secos me fizeram ficar imóvel ameaçando escorregar por um penhasco. Noah atravessou as pedras apressado e com uma palidez realmente surreal do normal, estendendo a mão que nunca consegui tocar.  

O calor convergiu meu corpo de cima abaixo e senti uma espécie de espelho se abrir. Lá tinham os reflexos mórbidos de nossos olhos e do primeiro contato do outro até finalmente nos chocarmos com o declive sombrio do vidro.

Imaginei que havia morrido e que finalmente pudesse ser aquilo que Noah sempre me disse que era até me deparar com um cenário diferente. Colorido. Uma civilização totalmente diferente para acabar dizendo que voltei para o centro de Drammen. Mesmo sem saber distinguir o que fosse, arranquei para explorar escutando uma voz inaudível aos ouvidos alheios me chamar. Meu olhar por cima do ombro só permitiu-me avistar o corpo de Noah jogado e ofegante. Sua coloração estava desaparecendo e-e-ele escapou de meus dedos como um peixe e me disse Adeus. O último suspiro que conseguiu invadir meus ouvidos apenas dizia para que olhasse a lua e seguisse os vagalumes. Isso foi o desejo mais inútil que segui, todavia mesmo assim o fiz. Minha energia voltava e só tão assim, pude ver a o que estava me deparando. Ressuscitei.

você me diz para olhar para a lua , eu vou olhar para você em seu lugar.

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Mensagem por Calypso Sáb Ago 13, 2016 11:08 pm

A cidadela te espera, meu caro. Nós sabemos como fora conduzido até a ilha. Seu passado jamais poderá ser esquecido, mas justo deve ser que possa construir sua vida novamente. Sophrosyne é toda sua, herói.



i. Aqueles nascidos do senhor do Submundo, visto como um homem sábio, é o pai dos mortos, deus dos minerais e o guardião do abrigo dos nossos queridos heróis caídos;
ii. Um político nato, dono de um saber em cada fala, você se destacou entre seus demais, tornando-se um dos membros da cúpula.




i. Basicamente duas foice com longe extensão e completamente curvas, embora pareçam com o instrumento agrícola homônimo, essas foices são balanceadas e reforçadas para o combate. Elas foram desenvolvida para sustentar muita força na sua ponta cortante, além de permitir cortes devastadores com a lâmina.

ii. omo o duelista que é, uma segunda alternativa deve sempre estar presente. Carrega consigo, em seu andar, duas lâminas. Cada uma das botas possui sua própria lâmina, mantendo-se presa ao solado e completamente invisíveis. Desta forma, aparentemente você parece estar indefeso, utilizando destes objetos por meio de seus chutes ─ momento ao qual estas são conduzidas do centro da sola até as pontas das botas e assim, tornando suas investidas letais.

iii. Um pequeno broche igualmente dourado ao tom que rodeia a cúpula em que o conselho vive. O objeto representa de forma clara aqueles homens e mulheres que os possuem, enfatizando o poder que lhes são de direito.
Calypso
Calypso

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